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Pluralidade.
Mulheres loiras, homens morenos e vice-versa. Jovens,
adultos, crianças, cachorros, não importa a raça nem a
idade, todos estampam o cotidiano em cima, dentro e ao lado
de uma bicicleta. Pedalar é tão natural como respirar. A
trabalho, a passeio ou para um flerte, seja no centro da
cidade ou mais distante, a inseparável magrela. É 1x1, cada
habitante tem a sua.
Na capital dos Países Baixos, a bicicleta não é um esporte, é
claramente um estilo de vida e, diga-se de passagem, um dos mais
charmosos. Sensato que, numa cidade plana, o veículo de locomoção
seja uma magrela. E literalmente elas são esguias, é maioral. Uma
das marcas populares de lá se chama Gazela. Custam centavos
(europeus, é claro!). Nada de equipamentos high-tech. Apenas
o traçado e a personalidade do dono. Enfeitadas ou não, novas ou
estropiadas, trafegam num trânsito bem planejado. Placas sinalizam
onde não se pode estacioná-las. Se transgredir a essa regra, pessoas
autorizadas recolhem sua bike ou, simplesmente, o vento forte e
corriqueiro a derruba.
Por essas e outras é que são simples, sem suspensão, freios a discos
e toda essa parafernália. Os neerlandeses são descendentes das
“bicicletas brancas” - movimento da década de 60, onde a magrela não
era de ninguém, bastava pegar, usar e depois
deixar em estações especiais – talvez seja por isso que não
ostentam e nem sustentam a cobiça.
Ciclovias
caminham paralelas às ruas e às ruas caminham paralelas às calçadas.
Esse trio, - calçada, ciclovia e rua - que está no mesmo nível,
dialoga em perfeita harmonia.
Mas atenção turista
transeunte! A ciclovia é antes de tudo uma via de locomoção, ao
olhar deslumbrado à charmosa arquitetura da cidade e suas janelas
indiscretas, se liga para não cruzá-la! Mantenha-se atento,
permitindo o fluxo dos ciclistas locais. Caso contrário ouvirá um
palavrão numa língua que talvez não entenda, ou uma buzina
estridente ecoará em seus pulmões! Se alugar uma bike para passear
atente-se aos princípios do trânsito amsterdamês e ao fluxo dele.
Nunca subestime o trilho do bonde articulado, transporte muito comum
lá, ele está por toda urbe e tem exatamente a largura do pneu de uma
Gazela. Uma vacilada e não tem técnica ou reza brava que não te faça
cair – aliás, esse bonde articulado freia, gentil e suave, quando se
está para atravessar a rua... Impressionante! Estamos falando de uma
capital rica, de economia estável, e suas vias, literalmente, não
têm subidas ou descidas. Apenas sedutoras pontes que se arqueiam,
sutilmente, sobre os canais.
A hora do rush se parece bastante às das grandes metrópoles, mas sem
poluição. Carros são raros carros em Amsterdã. Sob
o céu cinza, seus habitantes vestem-se com tecidos coloridos e
cítricos, se destacam, alegram e sinalizam na multidão. A beleza e
saúde dos holandeses são invejáveis. Não existem obesos, muito
provavelmente por causa do hábito diário. Enquanto pedalam, mães
carregam bebês no colo; pais transportam vários filhos, de uma vez
só, em bancos ou cestas, na frente ou atrás das bicicletas;
adolescentes delgados, echarpes soltas ao vento, pedalam em
velocidade; senhores, montados em suas gazelas, seguram a guia de
seus cachorros e atravessam cruzamentos em segurança; antes do
entardecer, casais estacionam a magrela, fazem uma parada em
simpáticos largos para um flerte ou apenas para um papo; uma jovem
pedala de salto alto ao mesmo tempo em que fala ao celular ao mesmo
tempo em que abana a mão para um amigo ao mesmo em que faz uma curva
para comprar um maço de tulipas e enfeitar a casa! Assim é a
elegante vida em Amsterdã.◘
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