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Rugas, por que não te quero? Sou uma pessoa melhor sem
vocês?
Por: Viviane Fuentes
Prega, dobra, carquilha, gelha, gorovinhas...
Quantos adjetivos simpáticos para denominar as velhas e
familiares rugas, não?! Espanta-me como a sociedade moderna
foge delas igual traficante foge da polícia.
Hoje em dia ter rugas significa ser um
fora-da-lei - ninguém pode identificá-las, elas revelam o
nosso passado, o que fomos e quem somos - todavia não temos
a menor idéia de ATÉ onde vamos!
Rinoplastia. Blefaroplastia. Otoplastia.
Ritidoplastia. Botox. Antigamente tudo isso, e tantos outros
palavrões estéticos, era restrito ao público feminino
adulto, hoje, a obsessão à lisura atinge o público masculino
e adolescente.
O dilema de fazer plástica é igual ao de
ser prostituta, igual ao de iniciar o uso de drogas: o
difícil é sair à primeira vez com o cliente, é debutar o
nariz, o pulmão ou o sangue.
Mas, na seqüência, o vício: a última dose
de heroína, a última carreira de cocaína, o um último
cliente, para retomarmos à nossa vida... E digo: “Desta vez,
será o último botox”... Só mais uma, será a última
aplicação! - prometo e minto.
Deveríamos ter bebido mais água da fonte
enquanto tomávamos sol pela vida. Deveríamos ter lembrado
que a impressão digital é única, exatamente porque somos
diferentes um dos outros, e ela acusará o delito que
cometemos.
O tal padrão de moda, que a maioria leva
tão sério, impõe que sejamos muito parecidos um dos outros,
irmãos gêmeos de preferência. Todos nós temos que possuir o
rosto esticado depois dos 40. A adolescente, o nariz
perfeito.
Num tempo não muito remoto, a plástica
estética era para bandidos, exilados políticos, foragidos,
que transformavam seus rostos para trocar de identidade,
pois a verdadeira os levaria à morte ou à prisão,
inevitavelmente.
Mas a mão também envelhece, enruga, e não
há plástica para ela. Rosto esticado, mão enrugada, a quem
estamos querendo enganar|? O investigador do caso é vaidoso,
mas não é burro.
Antes o que nos identificava ao nosso
grupo social de interesse e nos fazia ser aceitos por ele,
eram as vestes, corte de cabelo, talvez uma tatuagem ou um
piercing, aplicados no corpo. Agora mexemos
diretamente no corpo.
Fui a um aniversário repleto de pessoas
comuns. Sentei-me para comer um pedaço de bolo e, nos
mesmos 5 minutos, dois amigos, de grau distinto de amizade,
estiveram ao meu lado.
O primeiro sentou-se, me cumprimentou e já
foi logo me alertando de que eu deveria fazer botox no meu
“bigode chinês”, - nem sabia o que era isso até
aquele momento - o par de rugas nas pontas do buço, os
sulcos nasogenianos.
Sorri - o bolo já estava espetado no
garfo, momentaneamente suspenso no ar – e engoli o delicioso
pedaço recheado com doce de leite. Dali a pouco, outro
amigo, esse íntimo, senta do meu outro lado.
Na cadeira da “avaliação”, e disse que eu
deveria permanentemente preencher o furo do meu queixo,
enquanto eu mastigava e me deliciava com a cobertura de
chocolate deslizando goela abaixo.
Quase engasgada, sem dizer nada, fui
algemada por dois amigos, de sexos distintos, numa festa de
aniversário enquanto, inocentemente, sorvia a sobremesa
feita à base de farinha e ovos.
Seriam assistentes comissionados de
cirurgiões? Agiam igualmente aos fiéis de igreja evangélica
que tentam persuadir os não fiéis a adotar a religião - como
se eu fosse a escória da sociedade, a ser adestrada e
etiquetada.
Pensei: meu “bigode chinês” é apenas uma
ruga de expressão que sempre tive e, hoje, aos 35 anos de
idade, é mais acentuada. Denota uma característica minha.
Adoro rir e isso me faz bem, assim eu sou, e não me
envergonho disso.
Várias pessoas já passaram por mim e me
cumprimentaram, sem que eu as conhecesse. Quando ando
sozinha, normalmente, porto um sorriso nos lábios, sem
perceber, o que parece um simpático cumprimento.
Por que eu haveria, catso, de preencher
meu “bigode chinês”? As pessoas devem estar trabalhando
demais, ganhando muito dinheiro, para tentar consertar
aquilo que não é delas e tem concerto. Cedo ou tarde, racha!
Não é uma sentença de morte ter rugas. Não
ter história para contar para os seus filhos e sobrinhos,
sim, é uma sentença de morte. A propósito, por que eu
preencheria a covinha do meu queixo que, quando criança, foi
um it pessoal?
Com tanto HQ bacana, tanto livro legal
ainda por ler, tantas bocas ainda por beijar... Deixar de
ter rugas, ajudaria a diminuir o número de genocídios que há
no mundo?
Pergunte-se, se você for uma
maria-vai-com-as-outras-que-vão-ao-cirurgião: Rugas, por que
não te quero? Por que vocês vêm? O que, catso, querem me
dizer? Evitaria que eu pegasse sífilis?
Imaginem se o homem, não circuncidado,
encasqueta de fazer plástica no pênis que é pleno de rugas,
quando não ereto, por questões estéticas? Não sabem as
pessoas que quando gostamos de alguém e temos atração por
ela, ruga é a última coisa que nos preocupa? (FIM)
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