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Por: Vivi
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lados é que se vai!
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Cães dóceis, vizinhos raivosos
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Fila, cultura brasileira: em exibição...
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Compras sem culpa não tem graça!
31/5/2005
Tipos,
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11/5/2005
Champanhe e literaturaado fraco da corda. |
09/04/2007 - Fila, cultura brasileira: em exibição no lugar
mais próximo a você!
Por: Viviane
Fuentes
Produziram uma pegadinha num programa de
TV. O ator parou na calçada, como quem faz fila e, minutos
depois, ELA se erigiu em forma humana atrás dele. Ninguém
questionou do que se tratava. Um dos filantes disse “deve
ser alguma promoção!”.
Sinistro. Non sense, não? Não vi o programa, não posso
dizer que assim aconteceu, e se sim, que não foi armação.
Mas é tão crível a situação! Estou certa de que isso pode
realmente acontecer, e sem pestanejar.
Um lugar comum para filas é em restaurante por quilo – e outra
mania incompreensível que me enerva, é o brasileiro que ao
invés de colocar duas colheres cheias da comida que quer
comer, colocar quatro meias colheres.
Lá estou eu na fila, o cara à minha frente pega uma ervilha
por vez, atrás de mim, amigos de firma discutem os eventos
do dia anterior do BBB como se discutissem o Teatro da
Crueldade de Antonin Artaud – que, a propósito, morreu de
câncer no ânus.
Na frente do pescador de bolinhas não há ninguém, mas a comida
que eu quero sim. Passo à frente dele, pois ainda escolhe o
petit pois mais verde da saladeira, colocando de
escanteio os anêmicos. Estou com pressa? Não. Mas por que
devo esperá-lo?
Passo à frente, me sirvo, peso a comida e vou para minha mesa.
Percebo. A fila gigantesca encara-me, reprovando-me,
discriminando-me. Se eles “botam” os BBBs no paredão, por
que eu não? Julgam-me, e mal, os deuses dos pratos vazios!
Mas não roubei o lugar de ninguém, apenas otimizei meu tempo,
e ainda assim fico como alienígena. Apenas prefiro passar
meu tempo no cinema do que ficar na fila.
Tudo bem, numa cidade como São Paulo, tudo que menos
precisamos é ter pressa na hora do almoço - apesar de o fato
ser recorrente. Mas é uma questão ecológica.
Seja uma pessoa política, não faça política, pense, não apenas
siga, brade ou imponha. Não desperdice água, não desperdice
papel, não desperdice eletricidade. Não desperdice meu
tempo!
Por mais cômodo que seja não PENSAR no momento introspectivo
ou intelectual da fila, não podemos empacar os outros
- o povo com seus livros de ajuda está interpretando mal a
questão da individualidade, não vivemos sem o outro!
Mas não precisamos colar nele o tempo todo. E visto que, em
espanhol e em francês, fila quer dizer cola (cola, queue)
– a propósito, o som da palavra francesa é bem sugestivo.
Será que a fila é sinônima de “sesta” de “ócio”, o único
momento em que nós, paulistanos, cosmopolitas, podemos
pensar na vida sem culpa, pois a culpa não é nossa, muito
menos de a fila não andar?
Agora tem uma parte que eu adoro, pois a estou vivendo. Filas
preferenciais. Fila preferencial para “boa idade”. O que
isso quer dizer? Que a adolescência é “ótima idade” e a fase
adulta é “péssima idade”?
Ser mais velho significa ser incapaz ou ser deficiente em
algo? Com a evolução das plásticas e academias de varejo,
mais a medicina diagnóstica e preventiva, como saber a idade
das pessoas? “Boa idade” para quê?
Devemos ser gentis sempre, mas isso não deveria ser imposto
por placas, avisos, e sim fazer parte do bom senso de todo
cidadão. Alfabetizado ou não.
Vou lançar um slogan “Minha gentileza, é permitir a sua!” e
estampar na minha camiseta diária.
Estou grávida e me recuso a pegar fila preferencial. Não estou
doente e, se estivesse, ficaria de repouso. Podem pensar que
sou barrigudinha? Não, nesse estágio não.
Estava eu na fila do supermercado. Na minha frente, uma
senhora passava suas compras – o estabelecimento estava com
apenas dois caixas, sem placas de filas preferenciais e sem
gerente para ajudar.
Quando o caixa finalizava a nota, a senhora à minha frente
pegou a penca de banana prata e perguntou para ele “É banana
nanica?”. Não era. Ela voltou à prateleira de frutas.
Uma mulher atrás de mim, acompanhada do filho de 7 anos,
portava apenas um saco de Doritos, e reclamou ao caixa
“Passe o meu, só tenho um!”, o caixa disse que não podia,
tinha que fechar antes a conta da senhora que havia sumido.
De repente ele muda de idéia “A senhora está grávida?”, a
mulher acompanhada do filho respondeu afirmativamente com a
cabeça. O gentil caixa solicitou à outra caixa que atendesse
a embuchada.
Se aquilo era uma regra
de preferência às grávidas, eu deveria ser a
primeira. E tinha apenas 2 produtos em minha mão. Será que
ele me tomou de desleixada? Eu não estava com vermes.
A grávida prioritária se foi, e a banana não voltava. De 4, a
fila agora tinha 15 pessoas. Eu disse imediatamente “Eu
também estou grávida, e não estou deficiente!” O jovem caixa
olhou minha barriga e, sem graça, nada respondeu.
O que se faz numa situação como essa? A justiça tem que
imperar. Brigar com o caixa? Não! Deveríamos descer o cacete
na senhora que procurava banana para fazer papinha do bebê,
que ignorou a educação e o bom senso!
Em outro lugar, usufruí indiretamente do meu estado
interessante. A idéia foi do pai. Eu iria embarcar num vôo
promocional. Ao chegar ao aeroporto, meu parceiro e marido
fez com que eu tirasse a pequena bolsa que eu portava da
frente da barriga.
Pensei “que fofo, ele está com orgulho da barriga e quer que
eu a exiba” , mas não era isso! Ele queria que eu mostrasse
a barriga para não pegar a fila de mais de 50 passageiros
que embarcariam no mesmo vôo que eu.
Dois dias depois desse acontecido, na capital baiana, peguei
um ônibus na estrada que me levaria à Praia do Forte. Ao
entrar, não havia lugar para sentar. Fiquei em pé, na parte
onde um guia turístico ficaria. Senti-me numa fila de
abandono.
Em 15 minutos ninguém ofereceu seu lugar para eu sentar.
Preferia estar sentada, mas não me cansava estar em pé.
Enfiei-me num canto, onde ninguém me espremia. De óculos de
sol, fiquei livre para fazer meu laboratório.
Durante uma hora me ignoraram, pensando “nem a pau eu saio
daqui”. Outros olhavam minha barriga, e franziam a testa,
fingindo, sem sucesso, a indagação “Será que tá prenha ou é
verme?”
De pirraça, comecei a alisar a barriga (coisa que não costumo
fazer, muito menos em público) para que não tivessem dúvida
do meu estado. Ninguém se levantou para dar-me lugar. E eu
estava me divertindo muito!
Todos sentados, mas muito incomodados. Eu, em pé, carregando 4
quilos a mais, muito confortável, estava adorando tudo
aquilo! Depois de mais de uma hora, vagou um lugar e eu
sentei.
Um peso foi aliviado do ônibus, as consciências
estavam livres! Eu só queria esclarecer de que eu não
portava nenhum tipo de lombriga em minha pessoa. Assunto
para se pensar na fila.
(FIM)
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