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Por: Vivi
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02/05/2007 - Pra quem não tem sobrenome de lastro, apelido!
Por: Viviane
Fuentes
Namorei um rapaz que detestava ser chamado pelo seu nome no
diminutivo... Virge, se ouriçava todo! Para piorar, só
chamando-o de “gato”.
E, eu chamo, a muitos que gosto mesmo crianças, de "gato (a)".
Nunca entendi o porquê, ele também nunca me explicou.
Colérico, gaguejava ao ouvir “inho” depois do nome.
Tirei conclusões por conta. Ele tinha problema com sua altura
(1m57cm) e os 20 anos de terapia não haviam sanado a arte de
sua auto-afirmação.
Mas existem muitos causos de nomes e apelidos, bem sucedidos ou
não. Benditos e malditos!
Alguns amigos, envolvidos em cursos misteriosos, de repente,
deixaram de me chamar pelo "apelido" , depois de décadas
assim o fazendo, concluíram: “o seu nome é o SEU nome”.
Conhecidos mudaram a grafia do nome várias vezes. Colocaram
duas vogais onde havia apenas uma. Tiraram uma consoante
onde havia duas - e não eram procurados pela polícia!
Na numerologia, a cirurgia plástica dos nomes, se a soma das
letras não for favorável (cada uma tem sua equivalência),
troca a alcunha: nome alinhado, ser afinado.
Cursos de vendas ensinam ao vendedor a, já no primeiro contato
com o cliente, chamá-lo pelo nome, pois assim ele sente-se
vibrante e compra cuecas que nem precisava.
Quando me chamam pelo meu “apelido”, sei que são amigos ou
parceiros de trabalho, de uma determinada fase. Ao me chamar
pelo nome de registro, sei que é minha mãe, um novo contato
profissional ou televendas!
Gerenciei uma loja onde cada vendedor tinha uma designação
além do nome. Ao gritar por algum deles pelo número, mesmo
sem entonação austera, já sabiam: bronca!
Por sua memória estar falhando, e por seus colegas serem
rotativos, um amigo meu chama, a cada semestre, aos seus
por uma “palavra” qualquer - já me chamou de racha, piço e,
atualmente, é Bill.
Adoro quando pessoas que não tenho intimidade me encontram
numa balada e gritam ao longe “Vick!!! (e diz ao amigo) Essa
é a minha amiga Vick!”.
Gente, Vick é Vaporoub! Ou apelidos de Victórias.
Certa vez, uma diarista foi trabalhar em casa pela primeira
vez. A chamei a tarde inteira de Margarida. No final do dia
disse-me delicadamente “Mas meu nome é Violeta”.
Perguntei-lhe por que não havia me corrigido antes. Explicou
“Uma patroa me chamou de Rosa 25 anos”. Ri e perguntei “E
por que não a chama mais?” Respondeu “Ela morreu”.
Veep: a história do nome
Eu era muito tímida aos 11 anos de idade e, certa vez, minha
melhor amiga me chamou de Vip Motel, meu nome é Viviane,
para uma virgem, aquilo era extremamente constrangedor.
Percebendo isso, ela insistia em me chamar de Vip Motel, ou
simplesmente Vip em voz de arauto. Em cidade de interior ou
você tem um sobrenome de lastro para ser pronunciado com
pompa, ou ganha-se apelido.
Eu não era de família rica nem tradicional, morava no
interior, e o apelido pegou. Assumi-o, pensando que eu
também era Very Important Person (e não um motel!) e
tratei de mudar a grafia, de Vip para Veep.
A inspiração veio do comercial de um produto dos anos 80,
época em que iniciávamos a adolescência, um locutor in
off dizia algo assim: “Veep Laranja, o primeiro suco
de laranja de caixinha".
Hoje em dia, quando toco no nome desse suco, ninguém se lembra
dele. O produto durou talvez um ano no mercado e nas
gôndolas de supermercado. Meu Veep dura uma vida inteira.
A mesma amiga que me apelidou, resolveu arranjar um slogan
para mim. Veep laranja, já no fim, bagaço! Ainda
inerme, saía correndo de vergonha e ela se estrebuchava de
rir.
Em pouco tempo, todos me chamavam de Veep, e afinal Veep só
tinha uma, e isso fazia me fazia especial, numa época em que
assinava pichados em muros, mensagens de amor, para uma
paixão platônica.
E por isso, a cidade queria saber quem era Veep - elogiava a
poesia, o nome, a grafia. Em 1 ano, atingi a fama numa
cidade de 200 mil habitantes. Veep era gostoso de pronunciar
e de ouvir. Sonoro, deslizava feito mel na boca.
Aos 18 anos, comecei meu curso de formação de teatro na
capital, e adotei naturalmente um nome artístico que, para
prostitutas, é nome de guerra. para escritores, pseudônimo,
para usuários da net, nick-name.
Adotei o Veep Collins - neste caso, o nome fez mais fama do que
a atriz - tinha tesão pelo vocalista (e também baterista) do
Gênesis, minha banda preferida aos 13.
Todos adoravam falar Veep Collins, era lúdico, fantasioso e
rendia muitas histórias, mentirosas, quando me perguntavam o
porquê de Collins. (eu era amante do Phil Collins desde
muito cedo).
Ao parar de atuar, abdiquei o Collins. Era sobrenome de
casamento e eu havia me divorciado. Logo depois, alguns
livros haviam sido editados e meu nome, Viviane Fuentes, já
estava estampado, com a força do sotaque espanhol.
Os títulos de meus livros e de minhas poesias ganharam mais
notoriedade do que a obra em si. Tornei-me uma escritora de
títulos, mas incapaz de nomear àqueles de meus próprios
contos para revistas.
Nunca rejeitei o nome de batismo, conforme a ocasião, eu
prefiro um a outro - sou muito diferente de 20 anos atrás,
cresci, evolui em algumas coisas e em outras involuí.
Com a história feliz, afetiva e sonora, do nome Veep, decidi
depois de décadas, transferi-lo ao site que dirijo que,
obviamente, é imbuído de minhas inquietações.
Nunca deixei de ser Viviane
Fuentes, e nunca pedi para deixarem de me chamar de Veep.
Alguns criam novos significados ao “acograma”:
Very Extrovertid and Expetacular Person, fazem variação
carinhosa do tema: Veeporanga, Veepvoski, Veepão. Beep...
(FIM)
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